Por que tratar águas cinzas?
Se você abriu a torneira hoje para lavar as mãos, tomou banho, lavou as roupas numa máquina e/ou usou o tanque, você produziu águas cinzas e é nosso (a) convidado (a) a ler este artigo para compreender como tratar águas cinzas contribui diretamente com a preservação do meio ambiente, para promover mais saúde e, inclusive, economizar.
Confira, abaixo, cinco vantagens.
1) Economiza água potável
Dizer que a água é de suma importância para a sobrevivência humana chega a ser clichê, mas é uma verdade incontestável. Somente hoje, a população brasileira com acesso à água tratada gastou uma média de 153.87 l/hab., segundo o que diz o painel divulgado pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).
O mesmo documento indica que 39,2% da água potável é perdida durante o processo de distribuição. Essa porcentagem é muito alta para o Brasil, pois, dos 210,1 milhões de habitantes, 39,3 milhões não têm acesso ao atendimento total de água. Economizar água tratada é um gesto de cidadania, que precisa ser massivamente incentivado.
2) Reduz a quantidade de poluentes gerados
O modo como vivemos gera poluentes o tempo todo, inclusive durante o consumo da água. No entanto, podemos ao menos reduzir a quantidade quando efetuamos um tratamento adequado. Com relação às águas cinzas, é possível remover a cor, odor, turbidez, matérias orgânicas classificadas como solúveis, vírus, bactérias, entre outros elementos nocivos. Depois disso, o reúso torna-se seguro e menos poluentes chegam à natureza.
3) Economiza dinheiro
Um condomínio com 578 sanitários consegue economizar quase 50% na conta de água com um sistema de tratamento de águas cinzas. Isso não só é possível como aconteceu com um dos nossos clientes, um condomínio de alto padrão no bairro do Cambuci.
A cada hora, 5 m³ de águas cinzas são tratados, o que significa até 45 m³ de água para reúso por dia, que são reaproveitados em descargas de vasos sanitários. Sem o tratamento essas águas iriam direto para a rede de esgoto.
4) Protege o meio ambiente
Algumas atividades humanas não exigem o uso de água potável como lavar o automóvel, o chão e irrigar as plantas de um jardim, por exemplo. No entanto, não é correto apenas colocar um balde, coletar a água cinza e realizar essas atividades, pois o que chamamos de Compostos Orgânicos Xenobióticos (XOC) — os compostos oriundos de produtos químicos tanto para uso pessoal quanto para a limpeza dos ambientes — são fabricados sinteticamente e não têm um controle adequado dos efeitos que podem causar tanto para a saúde humana quanto para o meio ambiente.
Imagina, então, ir direto para a natureza sem nenhum tratamento? E esse é só um exemplo das substâncias que são nocivas. Fósforo e nitrogênio também podem ser identificados nas águas cinzas sem tratamento.
5) O tratamento das águas cinzas é mais seguro
Para ter certeza que a água cinza tratada está apta para reúso é fundamental realizar as análises químicas, físicas e biológicas que detectam a Demanda Química de Oxigênio (DQO), o pH (Potencial de Hidrogênio), SS (Sólidos em Suspensão) e a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO). Para isso, o tratamento passa por alguns estágios como:
- Tratamento preliminar;
- Tratamento Físico-Químico adequado;
- Filtração ou Decantação;
- Desinfecção.
Somente após efetuar todos os estágios, que a água cinza vai para um tanque de estocagem e está apta para o reúso. Esse sistema de tratamento exige equipamentos com dimensões adequadas para atender a um Tempo de Detenção Hidráulico ideal, a depender do ambiente em que foi instalado.
Classes da água de reúso
Atualmente, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT NBR 13969/97 indica quatro classes para a água de reúso. A depender do projeto e da finalidade, o tratamento mais adequado é feito para garantir toda a qualidade.
Classe 1: apta para lavar automóveis, bem como toda atividade em que a pessoa terá contato com a água de reúso. Leva-se em consideração que o pH deve ficar entre 6,0 e 8,0 e o cloro residual entre 0,5 mg/l e 1,5 mg/l. Além disso, a turbidez tem que ficar inferior a cinco, coliformes fecais menos que 200 NMP/100 ml e os sólidos dissolvidos totais em menos de 200 mg/l.
Classe 2: pode lavar pisos, irrigar jardins e manter lagos artificiais. Nesse caso, a turbidez continua inferior a cinco. Já os coliformes fecais devem ser menos de 500 NMP/100 ml e o cloro residual acima de 0,5 mg/l.
Classe 3: para reúso nas descargas de vasos sanitários, desde que a turbidez seja inferior a 10 e os coliformes fecais sejam inferiores a 500 NMP/100 ml.
Classe 4: A ABNT indica o reúso em pomares, cereais, forragens, entre outros. Nesta classe, os coliformes fecais devem ser inferiores a 5000 NMP/100 ml e o oxigênio dissolvido acima de 2,0 mg/l.
Diante da real falta de água potável a todos, o reúso é uma saída viável, importante, que contribui para a preservação de todo o meio ambiente e, principalmente, dos recursos hídricos.